quinta-feira, 22 de julho de 2010

Em tempo real.

Ela poderia não ser a garota mais linda do mundo, mas com certeza não passava despercebida. Seus cabelos negros, longos, estavam escorridos sobre a pele tão clara. Ela ainda tinha aquele olhar carregado, mesclando tristeza e alegria, mas que brilhava toda vez que ela sorria.
Ele não sabia o que dizer. Os anos haviam cuidado muito bem dela e incrivelmente ainda parecia aquela menina frágil que ele conhecera. Ficou longos minutos admirando-a, revendo o passado e procurando a insegurança que no seu olhar não refletia mais.
Sentiu vontade de segurar-lhe a mão, tocar sua face, seus cabelos... Mas limitou-se a sorrir, esperando que ela sorrisse em resposta.
Ficou se perguntando se o rubor ainda tomava conta das suas bochechas, se ainda tinha os surtos de raiva, se ainda era carente, frenética... “Quanto tempo se passou!”, pensou.
Ela simplesmente parou. O encontro fora quase perfeitamente calculado, mas ela sentiu que algo prendia seus pés ao chão. Ficou ali mesmo, observando-o.
Aqueles olhos, aquele sorriso. Ele.
Ela queria conseguir sorrir pra que ele sorrisse de volta e exibisse as covinhas, ah, como ela ficava hipnotizada diante delas! Ele possivelmente leu seus pensamentos, sorrindo, e foi o que bastou para seus pés se desprenderem do chão e impulsionarem-na a correr e encontrar os braços dele, mas preferiu somente sorrir em resposta.
Haviam mesmo passado muitos anos. Ele estava diferente. Os cabelos castanhos brilhavam ao sol, que reluzia em sua pele morena e tentava esconder um rosto cansado.
Ela quis lhe fazer mil perguntas, saber como ele estava, o que fazia, se havia cessado sua crise alérgica, se ainda era fascinado por vídeo-games...
Mas nada disse, até que ele aproximou-se e deram-se as mãos. Se olharam por mais alguns segundos, ela fechou os olhos e pensou em tudo o que planejara dizer.
- Era só... Eu(pausa). Amo você.
- Dez anos depois. – ele disse, num sorriso que ela adoraria ter visto.
- Mas você sempre soube, melhor do que eu...
Soltou a mão dele, recolocou os óculos escuros e se foi. Ignorou o olhar dele, pois teve receio de que estivesse confuso, e preferiu só andar; ir, mais uma vez.
Ela se enganara. Ele havia entendido perfeitamente bem. Não ficou devendo nada em resposta, quem o estava fazendo era ela... Porém no tempo certo, no tempo dela. Deu um longo suspiro, faiscou uma olhada pelo caminho que ela se fora, virou-se e então seguiu o seu.

Um comentário:

  1. Amei seu blog!Já estou seguindo ele!
    Você consegue envolver quem lê de um jeito fantástico.Me ensina?rs
    Quando puder visite o meu:www.garotadaboina.blogspot.com
    Um grande abraço =)
    Paula

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