domingo, 5 de junho de 2011

Verde, cor de mato.

Hoje eu olhei meu email às cinco da manhã pra ver se você tinha deixado algo. Nada. Olhei mil vezes durante a noite o celular. Nada. Você não admitiu importância ao fato.
Ontem eu fui àquela casinha verde que compraríamos daqui a dois meses. “No meio do mato” como gosta de dizer. Fiquei algumas horas na varandinha, esperando que algo me ocorresse – não sei exatamente o que eu queria, só sei que não queria morar ali com você. Não queria nada ali com você. Foi quando resolvi te ligar e dizer que tinha cancelado nossa compra e nosso compromisso. Fiquei esperando sua voz desesperar, me implorando que não fizesse isso, que eu era seu ponto de partida, sua luz, e que – por Deus – não te deixasse. Você não disse.
Foi a prova que eu precisei de que não me amavas de verdade. E se ama de mentira, mulher? Não sei. Talvez fosse de mentira o que eu sentisse. Meio utópico, meio fuga, sabe? Eu te usei pra fugir desse mundo de preto e branco em que vivia, pra chamuscar com algum colorido minha vida. Você me parecia a tinta perfeita. Verde, cor de mato. A tranqüilidade era a melhor parte da nossa relação estabilizada. Sentia-me bem compartilhando contigo minha rotina e parte do meu passado. Você era meu futuro alinhado. Alinhado, que cômico, logo eu que sempre gostei de tudo fora dos conformes.
Eu tinha lido em algum lugar de frases melódicas e preestabelecidas que ‘quem ama, não te deixa ir’, o que entrou em contradição com o dito  ‘deixe livres as borboletas’. Vai entender... A verdade é que você não queria ir, então eu não deveria te forçar. Provavelmente já tinha percebido esse meu jeito de mandar as coisas à merda, quando estavam bonitas e sutis demais. É verdade, eu sou compulsivamente louca pela loucura. Gosto da desordem dos fatos, gosto um tanto de perversidade, mista de imaturidade e desdém. Dizer que você era bom demais pra mim é um pouco ambicioso. E mesmo não querendo te machucar, tenho que dizer o certo: tens a característica que me dá medo e, por conseguinte, insegurança. Tens a característica assombrosa, responsável e a única que eu (percebi) vivo me afastando. Você é o cara certo.