quinta-feira, 10 de março de 2011

Mariana.

Ontem a campainha tocou. Do jeito que estava - cabelo e roupa desgrenhados - fui atender. Meus olhos não acreditaram no que viram, até que meu cérebro me alertou que eu não estava sonhando e já podia me mover. Mariana estava na minha porta e, sem pedir licença entrou, assim como fez meses antes. Ninguém pronunciou uma só palavra. Ah, minha menina, porque foi embora daquele jeito?
Alguns segundos seguidos de olhares se passaram e depois ela foi até a cozinha e pegou um copo d'água. Eu a segui com a certeza de que ela tinha algo a me dizer. Copo, água e orgulho ao chão. Sem mais, nem menos, Mariana me deu o beijo que me fez descobrir que eu tinha um coração em cada nó de veia do corpo. Um beijo melhor que qualquer noite de sexo casual que havia tido em quatro meses, desde que ela se fora. Tive certeza de que sabia do abalo que causava em mim quando eu, sem me dar conta, deixei a ponta dos dedos passar por seu rosto suado de sol e nervoso. Em milésimos de segundos eu já estava completamente entregue, novamente. E em um pouco mais que isso já não a tinha em meus braços, fracos.
Não quis abrir os olhos e vê-la saindo por onde tinha entrado a breves minutos. Preferi ficar saboreando o gosto pelo qual implorei solenemente pra que tivesse de volta.
Deixei o copo no chão e hoje estou aqui na praia. Com o mar. E Ana. Com mar e Ana. Mar e Ana. Mariana...
Não, é só Ana, mesmo. Parece coisa feita pra eu não esquecê-la. Mas, digo-lhe: poderia ser Lourdes, Gabriela, Ângela... eu não a tiraria das minhas fantasias. Tenho o mar e Ana, agora. Calmos, os dois em maré baixa. E é também por isso que não a esqueço. Mariana, diferente de outros sujeitos próprios é mar agitado, revolto, ondas quebradas. Vai e volta. E eu, fico, fico. Espero.