quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Os saltimbancos em um carnaval sem fim.

Nascia, em 1944, um verdadeiro amante. Das letras, das mulheres, da música. Se pertencesse ao norte-nordeste, eu poderia dizer que nasceu em meio ao fogo das comemorações juninas, mas não. Trinta e quatro anos depois, em fevereiro e na agitação do carnaval fluminense, após a boemia e o rock aparentemente terem perdido o seu charme, frente a tantos outros ritmos dominando o país, eis que nasce outro grande poeta musical.
Primeiro, com todo respeito e admiração, falo do poeta-teatrólogo-cantor-compositor-escritor, enfim, artista, dos olhos de ardósia (assim definidos pela polícia, numa ficha preenchida, quando jovem) e uma alma vasta de doçura e sensualidade, Francisco Buarque de Hollanda. Nosso Chico. Nosso menino socialista, que nasceu na mesma cidade do ainda bebê, Marcelo Camelo. Um bebê barbudo, que convida a juventude do segundo milênio a admirar composições limpas, livres de órgãos sexuais ralando no chão, na parede, no escuro.  Dois “jovens”(com algumas muitas aspas pendendo para o lado do garoto trilingue, das marchinhas de carnaval) que proclamam o amor. O amor que dói, que arde, que queima. O amor que sustenta, que produz. O amor operário, o amor no último romance, o amor amor, o amor atrás da porta, o amor da menina bordada, da imaculada, das meretrizes.
Quem não conhece Geni, também não conhece a crítica social presente na língua de Chico. Uma língua que lambeu a paixão, mas que ajudou a abocanhar as mazelas sociais e reuní-las em contos cantados há cerca de 50 anos.
Entre Chico e Camelo, não somente uma letra em comum em suas inicias artísticas, mas um dicionário musical, onde eles, mesmo separados por anos de idade e décadas de divergentes conflitos públicos, concretizam a música como um instrumento de luta, de ideologias e manutenção de ideias, e acima de tudo de sentimentos, mostrados na fila do pão ou nas vitrines, pra ver a moça e a banda passar.

3 comentários: