terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dança comigo.



Me puxe, me enlace, me sufoque. Me tome, me chame. Tudo assim mesmo, com “me” na frente. Me queira. Vamos, garoto, põe aquela música brega, aquela valsa vienese pra tocar no seu radinho de pilhas e me leva com você. Agora.
Você passa e leva junto a metade da minha concentração, do meu sorriso, do meu dia. Vai lá fora, toma um ar e volta fingindo que nada aconteceu. Volta como se não soubesse que meu olhar te acompanhou além das paredes e bancadas. Volta como se os olhares que me olhavam também não olhassem pra você. Pra você e essa sua mania - que, desculpa, mas eu já conheço - de ignorar fatos e atos e sair de cena apressadamente, com seu andar ereto. Qual nada, garoto. Não ache que adquiriu maturidade suficiente pra passar por cima de mim assim, nem desvie esse olhar mais uma vez porque eu já vi. Encare. Cadê sua maturidade pra me encarar, agora? Cadê? Cadê as regras? Me mostre. Me faça alguma coisa. Me enrubesça, me ofusque. Me adapte, me cate. Põe o som, vai. Me chama pra dançar, faz como no sonho. Anda, porque o tempo corre e já está anos luz à sua frente. Não vacile agora, nem finja, mais uma vez que não sentiu o líquido do copo tremer na sua mão. Eu vi, não tem pra onde correr. Aliás, tem. Tem uma estrada até aqui, corre, vem cá, dança comigo.

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