Ainda dói. Dói como uma cicatriz que reabre todo dia.
Quase não dói, mas ainda dói. Dói a cada passo que eu dou
rumo a meu futuro. Mas quase não dói, sabe? É quase pulsante, quase exposto na
pele. Quase não dói mas nunca vai deixar de doer. Estou repetindo o mesmo verbo
pra ver se vocês sentem um pouco do que causam. A distância de um e a
eterna presença do outro, sem o “um” é a parte que mais agride a cicatriz.
Ver cada foto, relembrar cada momento que eu passei com
vocês dois ao meu lado causa uma ferida enorme. Não que vocês tenham ficado
alheios a mim. Eu sei que posso contar, sei que posso pedir colo... Mas não é tão aconchegante quanto o calor que vocês irradiavam juntos.
Ei, tem um estranho aqui agora e o que eu mais quero é sair
correndo. Não quero ver o que o presente reservou. Não quero saber dessa coisa
de quebras de compromisso. Eu tentei amadurecer e me colocar numa posição
confortável quanto aos caminhos que resolveram tomar, mas esses oito anos
gritam que sou uma criança. Uma criança egoísta. Alguém que não se conforma com
brinquedos quebrados. Pelo menos me deixem chorar.
Desculpem-me.
"(...) Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra"